Wednesday, August 8, 2007

Aula do dia 07/08

Olá!

Em nossa segunda aula, começamos a levantar conceitos que serão úteis posteriormente, quando formos analisar as abordagens e métodos do ensino da língua inglesa. Uma abordagem, como já disse, estrutura-se sempre sobre pressupostos teóricos que lhe servem de sustento. Dentre esses pressupostos, há as concepções de aluno, de aprendizagem, de língua, e a própria noção de "o que é ensinar". Resolvi deixar as concepções de língua para a aula de dois horários, e começar com as concepções de aprendizagem. Na próxima terça, veremos as concepções de ensino, então.

Sobre aprendizagem, interessa reafirmarmos, inicialmente, o óbvio: É um fenômeno complexo, e, por mais abrangentes que sejam os estudos a respeito, jamais chegaremos a conceitos definitivos. Por essa razão, optei por apresentar os três tipos gerais de concepção, usando a Filosofia. Vários movimentos científicos, ao longo do tempo, se "afiliaram" a essas três "categorias", e até hoje encontramos teorias que, num grau ou noutro, têm elementos de uma delas, ou duas, ou mesmo das três.

Por esse motivo, eu mencionei que a história dessas concepções não é linear. Há o chamado movimento dialético: Tese-Antítese-Síntese. Afirma-se algo (a tese), em seguida afirma-se uma oposição a esse algo (a antítese), para depois haver uma conciliação (a síntese), que por sua vez é novamente contestada (por outra antítese, que leva a outra síntese), numa progressão evidente, marcada por rupturas, retomadas e pela descontinuidade. Ciência é isso: Não há verdades inquestionáveis.

Esse movimento dialético é bem visível nas três concepções gerais de aprendizagem e conhecimento que estudamos, o Empirismo, o Racionalismo e o Relativismo.

O Empirismo, que, às vezes (equivocadamente), é tido como mais simples, foi o primeiro que comentamos, então vamos tomá-lo brevemente como se fosse o primeiro passo do movimento dialético: a tese. Sua idéia principal é a importância da experiência para se conhecer algo. O conhecimento está condicionado ao mundo externo, aos sentidos, ao "fazer para entender": "Não adianta a teoria se não houver a prática". Ele é tradicionalmente associado ao Behaviorismo da Psicologia. Comentamos, inclusive, o conceito de Condicionamento: (Estímulo -> Resposta -> Reforço positivo ou negativo), segundo o qual o aprendizado é tido como uma mudança ou criação de hábitos por meio de treinos extensivos, experiências. A mente do aluno é tida como uma "folha em branco", uma "tábula rasa", na qual são gravadas as experiências. Aprender é memorizar.

Oposto a ele temos o Racionalismo. Neste, mais importante do que a experiência é a razão humana, que, pelo poder do cérebro, permite que o homem abstraia o mundo sensorial e pense em termos de lógica, de idéias independentes do mundo físico imediato. Afinada a essa concepção, pegamos como exemplo a Teoria da Gestalt (termo em alemão próximo de "forma", "configuração"), segundo a qual o homem compreende as coisas sempre pela totalidade, não pelas partes. O "insight" (termo em inglês próximo de "compreensão", "intuição"), para essa teoria, é o responsável por essa "reorganização" da percepção, para se criar um conceito novo. É ele que faz "as partes", unidas, significarem um novo "todo". A mente do aluno, para essa concepção é uma estrutura inata preparada para tais processos universais.

Representando uma síntese das duas concepções há o Relativismo. Essa visão conciliatória é vista como a mais dinâmica, por crer na interatividade entre a experiência e a teorização, que gera uma expansão contínua da mente do ser humano, o qual aprende por um processo de ação - reflexão - ação transformada, portanto. A aprendizagem, então, está na tomada de consciência. Essa consciência pode ser vista do ponto de vista filosófico e do ponto de vista social. Filosoficamente, a consciência pode ser a independência do homem perante o mundo, a superação de limites. Num sentido mais social, ela representa a cidadania, a pertinência a uma sociedade, a uma cultura. Enfatizando esse aspecto social da aprendizagem, relembramos o conceito da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) de Vygotsky, segundo o qual o ser humano tem dois graus de desenvolvimento: O real, que representa aquilo que pode fazer sozinho, autonomamente, e o potencial, que representa o que ele não consegue ainda fazer sozinho, mas que pode consegui-lo com a ajuda de outras pessoas, por exemplo. O espaço entre esses dois níveis é chamado de ZDP, porque representa aquilo que a pessoa está em vias de aprender a fazer por si só. É a aprendizagem possível, já relacionada aos conhecimentos que ela já possui, ao mesmo tempo em que está "no mundo que a rodeia".

Quem quiser baixar as fichas didáticas que usamos para discutir tais conceitos pode clicar aqui. A seção "Teóricos Indicados" ficou sem ser preenchida, por falta de tempo. Eu recomendaria, para cada uma das concepções, os seguintes nomes:

Empirismo: Aristóteles, Bacon, Locke, Skinner, Wundt.
Racionalismo: Platão, Sócrates, Leibniz, Kant.
Relativismo: Piaget, Vygotsky, Wallon, Marx.

Quem tiver faltado, ou chegado depois, pode pegar as folhas comigo também, pois sobraram algumas.

See you next week!

;)

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